69° Feira do Livro de Porto Alegre – Parte I

Vou começar esse post confessando que minha última ida à Feira do Livro da cidade foi antes da pandemia, em outubro/novembro de 2019. Como acontece todo final de ano, exatamente nessa época, a feira é sempre recheada de eventos literários (palestras, cursos gratuitos, sessões de autógrafo, etc) e muitas bancas com balaios e descontos acessíveis. Tem, também, muita merch: ecobags, canecas, estojo, camiseta, lápis e canetas… Todo o tipo de lembrancinha – alguns preços mais acessíveis do que outros, confesso, mas as ecobags são sempre boa pedida.

Variando entre livros novos e usados, os estoques são renovados dia após dia – fui mais de uma vez ao longo dessas duas últimas semanas e encontrei vários achadinhos – que pretendo comentar aqui abaixo 🙂 Voltando ao evento: essa ano ele acontece desde 27 de outubro e vai até 15 de novembro. Vou deixar o link aqui, caso você tenha curiosidade sobre a programação completa.

Agora vamos ao que interessa: minhas aquisições (que, aliás, não foram poucas) e a consideração sobre o quanto valeu a pena.

Encontrei alguns livros da editora Pandorga por exatos 20 dinheiros. Comprei três edições, todas são em capa dura e vieram embaladas – e como tenho O Fantasma da Ópera deles, sei que o cuidado com as ilustrações e a diagramação são simplesmente primorosos.

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Então o primeiro deles foi essa edição linda do Edgar Allan Poe de O Corvo e outras Histórias. Cuja sinopse indica:

“Para Edgar Allan Poe, se manifesta na morte em suas mais diversas facetas. Poe tematiza o que de mais tenebroso a precede: a ira, a tortura, a vingança, o engano, a ganância. Toda essa aura sepulcral perpassa as obras selecionadas para esta edição em cada dura, com fitilho e ilustrações originais de Gustave Doré. Da tradução do poeta português, Fernando Pessoa, para o cadenciado poema “O corvo”, até a sufocante e angustiante atmosfera da residência do conto “A queda da casa de Usher”, passando ainda pela presença do primeiro detetive criminal na história da literatura em “Os assassinatos da Rua Morgue”, todas essas obras, de alguma forma, cedem morbidamente à envergadura de Poe e convergem, submissas, ao gênio macabro de seu criador e mestre do terror.”

Como nunca li do início ao fim nenhuma das obras dele – uma falha tenebrosa na minha educação, eu sei – agora sou dona & proprietária dessa edição linda que não perde em nada para as da Darkside!

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Moving on, temos agora outro autor clássico da literatura de horror: H. P. Lovecraft. Há tempos vinha querendo ler algo dele, então foi uma aquisição muito bem-vinda à minha biblioteca. Eis a sinopse de Lovecraft – Narrativas de Horror:

“A prosa ficcional de H. P. Lovecraft é um mar de fantasia e pesadelo. Criaturas assombradas se espreitam no escuro, em casas abandonadas, igrejas e até mesmo nos sonhos. Porém elas não surgem do nada, o autor ambienta seus leitores em cenários oníricos, por vezes psicodélicos, onde descrições cósmicas são feitas por meio de uma geometria não tradicional, permeadas de uma sinestesia frenética: os cheiros, os ângulos, as cores, o tato, tudo contribui para engajar o leitor em sua atmosfera sufocante e tenebrosa. Nessa coletânea de contos haverá cultos antigos, cerimônias aterradoras, seres maléficos, aventuras em recantos sombrios e remotos do cosmo e do mundo dos sonhos. Loucura e medo andam lado a lado e o horror de Lovecraft promete afetar a sensibilidade até mesmo dos mais assíduos fãs de terror clássico.”

(PS: Era exatamente o tipo de obra que daria de presente ao meu ex-namorado, caso ainda estivéssemos juntos. É sempre bom disseminar a palavra, não é mesmo?) 

41nd9xjKTWLMinha terceira e última compra advinda da editora Pandorga é Gótico Americano – e esse veio com marcador de brinde. É uma coletânea de autores góticos, como o nome sugere, e são 208 páginas de puro terror. Vale ressaltar que neste temos tanto autores anglófonos quanto latinos, então é um ótimo difusor de autores que talvez não conheçamos a obra ou não tenhamos tido tanto contato com textos anteriormente.

Agora, antes da sinopse, uma pequena pausa para apreciar a beleza icônica dessa capa! Deixo aqui um pequeno compilado de infos e curiosidades a respeito da obra, para o caso de você – assim como eu – não souber muito a respeito. Lembrando que todas essas edições possuem fitilhos – aqueles marcadores de fita de tecido, sabe?

Sem mais delongas, a sinopse:

“Você com certeza já ouviu falar do gênero gótico da literatura, com suas histórias ambientadas em ruínas, igrejas antigas, mansões e castelos, cenários tipicamente europeus. Mas será que a América também não seria um lugar para contos de terror desse tipo? Essa é a premissa de “Gótico Americano”, um volume que reúne sob o mesmo céu nublado autores oriundos da América Latina e do Norte, tratando de temas fantasmagóricos.

Alguns deles são velhos conhecidos que você nem imaginaria escrevendo esse tipo de coisa! HORRORES E MISTÉRIOS ORIGINAIS DO NOVO MUNDO, EM UMA COLETÂNEA INÉDITA! Dentre os autores da América do Norte (EUA) temos Nathaniel Hawthorne, Henry James e Edgar Allan Poe; da América Central (Honduras) temos Froylán Turcios e da América do Sul (Uruguai, Chile e Brasil, respectivamente) temos Horacio Quiroga, Vicente Huidobro, Augusto dos Anjos e Machado de Assis.

MEDO, HORROR E OBSCURIDADE QUE TAMBÉM SÃO A CARA DAS AMÉRICAS Certamente esta coletânea é inédita no mundo, e proporcionará a vocês, caros leitores, todos os efeitos que o gótico pode originalmente proporcionar: o medo, o horror, a beleza e a contemplação da melancolia e da obscuridade, bem como todos os assuntos inerentes ao próprio continente americano como: colonização, questões raciais, socioeconômicas e de gênero. Fiquem alertas, pois nas Américas o mal também pode estar à sua espreita nas sombras, apenas aguardando o momento certo para atacar. CUIDEM-SE E BOA LEITURA!”

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BÔNUS: estava eu, bem distraída e plena, caminhando perto do balaio de uma banca aleatória quando duas meninas simpáticas me abordam. Uma delas se aproxima e pergunta: “posso te dar um livro?”. Meu cérebro demorou cerca de alguns segundos a mais do que o socialmente aceitável pra processar a proposta e responder, então disse “claro!” com a maior empolgação da minha criança interior leitora. Ela estende o pacote embrulhado, dourado e extravagante, e continua: “Vou te dar o livro de presente, mas queria saber se posso filmar”. Eu congelo. 

Já tinha visto essa ação em outros eventos literários, em São Paulo e na Bienal do Rio desse ano, então sabia do que se tratava: ela queria minha reação genuína como forma de divulgação pra editora ou perfil literário, suponho – e não, não cheguei a ver se postaram o vídeo em qualquer rede social, porque esqueci de perguntar qual era. Mas explico o motivo caótico: além de congelar, eu aceitei. EU ACEITEI & como uma boa tímida desastrada, passei vergonha na hora de gravar. Agora gravando, a simpática moça repete todo o processo de perguntar se quero um livro de presente; meu lado inapto de lidar com situações de exposição simplesmente trava e só o que consigo responder é hesitante “uhum”, então ela me entrega e abro a embalagem pra me deparar com o livro de ponta cabeça, enquanto os marcadores caem durante o processo e ouço as risadinhas de ambas as meninas ao longo da situação toda… 

Foi constrangedor? MUITO, indeed. Mas ganhei uma edição de O Médico e o Monstro, publicada pela editora Principis

Gabriel John Utterson é um advogadoo que investiga um caso estranho envolvendo Henry Jekyll e Edward Hyde, repentino beneficiário do testamento de Henry. O advogado descobre acontecimentos que resultam na reclusão repentina de Jekyll. O romance que envolve ficção científica, transtornos psicológicos e terror é um grande clássico do gênero.

Portanto, como encerramento desse post achei adequado colocar uma indicação musical para você aí criar sua playlist de leitura spooky, aproveitar que há pouco saímos da época de Halloween e mergulhar no abismo dessas obras intrigantes que nos inquietam.

Como diria Alex Turner na música You’re so Dark, um B-side do álbum AM (2013):

You got your H.P. Lovecraft
Your Edgar Allan Poe
You got your unkind of ravens
And your murder of crows
Catty eyelashes and your Dracula cape
Been flashing triple A passes
At the cemetery gates

‘Cause you’re so dark, babe…

Beijo,

Rox.

Sobre Roxanne W.

Sou Roxanne Whisper, mas pode me chamar de Rox. Meu mundo é feito de letras, mais do que de cores.
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